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sábado, 30 de outubro de 2010

A VERDADE É SEMPRE O PIOR


Uma nuvem fria cobria o céu quando os dois começaram a bater boca. O tempo e o espaço não são finitos, então que se dane o que você ainda pensa sobre a passagem do tempo e sua relação com fazer dinheiro. Os cemitérios estão cheios de gente que nunca perdeu tempo.

- Mas que diabos é que você está falando? – Ele a segurou pelo braço e torceu quando ela tentou se soltar, não tinha Lei Maria da Penha naquela época.

- Eu não quero mais namorar com você, simples assim. Não gosto mais de você. – Os olhos do garoto se encheram d’água, não porque fosse um cara emotivo, era um covarde ego-maníaco. Nem gostava daquela namorada tanto assim, tinha um caso de amor consigo, se achava o máximo. Como é que podia passar na cabeça de uma garota a idéia de o abandonar? Era ele quem colocava o lixo para fora.

- Se você fizer isso eu vou contar pra sua mãe que a gente já transou! Conto tudo pra ela, que fui eu que tirei a sua virgindade! – A verdade é sempre o pior...

- Deixa de ser idiota garoto! Duvido que você vai ter coragem. – O recurso era bizarro demais para se levar a sério, ao invés de pena a menina sentiu ódio do ex-afeto. Abriu a porta do carro com um safanão e o deixou sentado lá como o babaca que era.

Como todo bom canalha antes do casamento o garoto prezava a confiança que tinha conquistado com a sogra, posava de cordeirinho e bom moço de família, acreditava ser o partido ideal na visão daquela senhorinha sisuda que se divertia em fazer-se obedecer. Já se deleitava de antemão com a vingança. “Vou pegar pesado!”

- Sabe o que é Dona Clotildes... Eu sei que é meio chato ligar pra senhora assim, mas eu precisava te contar que eu e a Aninha fizemos sexo.

- Como é que é Robertinho? O que é que você está falando menino!!

- É isso mesmo que a senhora está ouvindo - Agora determinado - tô ligando só pra contar que eu e sua filha fizemos sexo! Ela perdeu a virgindade comigo. – Silêncio... pausa... – Olha Dona Clotildes, eu resolvi abrir meu coração porque acho errado o que a gente fez. – Com voz choramingosa – Eu até queria casar com sua filha...

- Tudo bem Robertinho, não fica triste não. Que pena não é? Pena que as coisas deram errado pra vocês. Agora, na verdade eu já sabia que vocês tinham... Enfim.

- Já?!

- Aninha nunca deixou de me contar nada não meu filho, imagina se quando perdeu a virgindade ela ia deixar de me dizer... Só que tem uma coisa que você não sabe e que pode até ajudar a te consolar: - assumindo um tom mais confidente - não foi você o primeiro não.

- Ah não?!

- Foi não meu filho, foi não... Essa menina é terrível! Não sei a quem ela puxou. Aninha me falou que talvez você ligasse com essa história por causa do fim do namoro e, sabe Robertinho, eu gostava tanto de vocês juntos, fazia tanto gosto...

- Pois é Dona Clotildes...

- Então eu perguntei pra ela porque tinha resolvido terminar. Sabe o que ela me falou?

- Não...

- Por causa do seu bilinguin de marcha lenta...

- Bilinguin?

- Ái Robertinho! Você quer mesmo que eu explique?

- Não Dona Clotildes. Deixa pra lá...

Pensei em vários títulos para essa crônica. “A Vingança da Sogra” foi o primeiro que me ocorreu. Depois pensei em ser mais sutil e colocar apenas “O Troco”. Depois lembrei outra história e que fica fácil rebater de primeira quando se sabe de onde e quando a bolada vem, daí pensei em colocar o título “Fácil Quando se Sabe”. Uma hora cansei de tentar ser criativo e pincei uma frase forte do próprio texto.

Se você leu até aqui, leve em consideração que o fato não aconteceu comigo e que o final eu inventei pra criar uma surpresa, foi quando me dei conta de que o mané pensava em se vingar da moça casando com ela. Robertinho entregou mesmo a ex que juntou uma galera para o surrar, só não sei se isso rolou. Depois Aninha casou com um cara muito bem sucedido, vivia nas manchetes policiais. Robertinho arrumou um alto cargo público e logo foi afastado por corrupção, todos censuravam divertidos a sua infantil ingenuidade.

E eu? Fiquei aqui lembrando essa história e resolvi contar pra vocês. Bom domingo!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

LIBERDADE PRA DENTRO DA CASSETA


NOS TEMPOS DA CASSETA LÚDICA

Já se disse aqui que a morte de uma pessoa não pode ser motivo de graça para ninguém, maior baixo astral isso. Porém, podemos nos lembrar daqueles que se vão por tudo o que fizeram e até pelo que de engraçado a sua figura nos remete. É o caso do recém falecido Romeu Tumba, alvo freqüente de brincadeiras dos humoristas em sua fase ultra linha duralex quando chefe da temida Polícia Federal.

Ora, em tempos em que se fala cada vez mais em discriminalização da maconha para consumo pessoal fica um pouco difícil imaginar o medo danado que a comunidade doidona tinha antigamente de “bailar com a Federal”, quando corriam os anos de chumbo e a pós-ditadura. O ícone máximo da repressão aos doidarássos era o referido Tumba, tanto que o pessoal da Casseta Popular - revista de uns caras que muito antigamente faziam humor - publicou a propaganda que segue abaixo...

 
NUM FICOU BONITO NÃO, HEIN?

E o humorista Laerte que agora entrou numas de se vestir de mulher? A reportagem tá na página de moda do IG como se fosse assim, uma parada muito normal do dia a dia de qualquer um, tipo qual a dificuldade de se vestir de mulher? Despido completamente de preconceitos a única coisa que tenho a dizer é: a maior dificuldade pro cara deve ser encontrar os amigos e agüentar na boa as crises de riso...



TOPA TUDO POR DINHEIRO

O programa Super Pop é um daqueles raros casos em que é tão ruim que acaba ficando engraçado. Tinha ontem lá garotas que fizeram filmes pornôs e se arrependeram, debatendo com garotas que continuam fazendo e ainda acham a parada bacana. A mediação era feita por um pastor da Assembléia de Deus com, digamos assim, intervenções de um rapaz de camisa rosa. Lá pelas tantas chegaram à conclusão que tudo era prostituição: inclusive vender o corpo (!) Só faltou levantar a lebre de transar com ídolo de rock, engravidar e virar celebridade...


terça-feira, 26 de outubro de 2010

AMNÉSIA ALCOÓLICA


VOCÊ É QUE BEBEU POUCO

Rita Cadillac abriu o coração no programa do Abujamra (publicado no Gazeta Online)

"Resolvi fazer cinema pornô depois dos 50 anos porque a Rita Cadillac não tem mais estrada para percorrer. Aqui no Brasil, o passado não se faz presente, ninguém respeita. Já fiz muita chanchada, sabe? Eu achei que fosse mais ou menos aquilo. Mas quando o diretor falou: 'Rita, agora vamos começar as cenas de sexo', a ficha caiu. Para fazer as cenas eu bebia muito, mandava três ou quatro garrafas de champanhe sozinha."

Imagina quantas garrafas de sabe-se-lá-o-quê os, digamos assim, atores que contracenaram com ela não tiveram que tomar...

MANDOU MAL

No último domingo o programa Pânico, pra variar, mandou pesado no humor negro. Num quadro a “Marília Gabi Herpes” entrevistava o Capitão “No Cimento” e este explicava que o carioca já está acostumado com as balas perdidas no Rio de Janeiro, é coisa que entra por um ouvido e saí pelo outro...

O PASSADO NÃO SE FAZ PRESENTE

Revi ontem Hollywood or Bust, último filme da dupla formada por Jerry Lewis e Dean Martin. A beleza estonteante de Anita Ekberg ajudou bastante a enfeitar o cenário, Anita era linda como uma deusa, tem muitas fotos dela circulando pela Net para nos lembrar que o tempo passa e, contradizendo a filósofa Rita Cadillac um pouco mais acima: As vezes era melhor ficar só no passado mesmo.


TRINTA ANOS NA ESTRADA


Repassando, como prometido, o convite para o show no Carlos Gomes que comemora os trinta anos da carreira de uma de nossas maiores cantoras. Elaine Rowena Participou de óperas e musicais, fundando o grupo Nervo Abalado, premiado com a Concorrência Nacional Petrobrás/ Lubrax. Posteriormente, na área de música popular, recebeu o prêmio Concorrência Nacional Fiat.

Especializou-se em canto lírico na Fames com grandes nomes nacionais e internacionais: Nuno Fiorini (Milano/Itália), Franco Iglesias (EUA), Natércia Lopes ( ES ),  Martha Herr (EUA/SP), Paulo Fortes (RJ), e Maria Foltyn (Polônia).

Produziu e dirigiu, entre outros eventos, os 2º e 3º festivais de Corais do ES e a co- produção do Festival Internacional de Inverno de Domingos Martins. Produziu a programação artística da FAMES em 2007 e 2008, destacando-se o projeto “Essa Bossa é Nossa” em comemoração aos 50 anos do movimento. Na mesma entidade, atuou com professora nos cursos de bacharelado e licenciatura, além da preparação vocal do coral oficial da escola.

Dentre seus trabalhos na área musical destacam-se a participação especial junto à Orquestra Sinfônica de Varsóvia, a assessoria vocal aos programas da rede de televisão SBT/SP, a representação oficial do país na 7ª. Bienal Internacional de Música Erudita Contemporânea, a regência e preparação da COMPANHIA MUSICAL DE ESTILOS e a direção geral e produção do projeto “UM CANTO SOLIDÁRIO“ em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo.

Atualmente Elaine dirige a CIA CAPIXABA DE ÓPERA E MUSICAIS e atua como personal music, prestando consultoria a corais e profissionais das mais diversas concepções estilísticas, bem como a empresas e entidades na formação de eventos de cunho artístico- pedagógico.

Elogiada pelo crítico musical do jornal “O GLOBO” José Domingos Rafaelli como “Uma mistura fantástica das Divas Ella Fitzgerald e Kiri Te Kanawa”, Elaine Rowena passeia por vários estilos e vertentes , do bel canto ao jazz, trazendo sempre em seu trabalho a arte integrada, com a união da música, teatro e  dança,  entre  outros.


domingo, 24 de outubro de 2010

VICTORIA SKYLINE


A poética é uma energia que perpassa as pessoas até que encontre numa delas um lugar pra se fixar. As ondas movem-se, deslocam o ar, espalham água salgada e o cheiro da maresia. Na maior parte do tempo passavam coisas dentro das mentes onde antes não existia nada: imagens, lembranças pensamentos e vazio.

Estava preso em um engarrafamento, a cidade está trocando de pele, que nem uma cobra ou um adolescente depois de um dia de sol. Preso sem ter pra onde correr, nem nada o que fazer, então veio o pensamento: você não me conhece. Sim, uma afirmação assim sem maiores pretensões, sem intenção de ganhar elogios nem tapinhas nas costas.

As pessoas não te conhecem, mas julgam conhecer as pessoas, então inventam um modelinho pra você. Qual o tipo de cão você seria? Um poodle, por exemplo? Jamais! Um Bulldogue, sei lá, um vira latas então? Não, as pessoas não te conhecem, não sabem nada de você, não sabem do que você é capaz e, pra falar a verdade, devem estar pouco se lixando. Elas querem mais é dizer a que vieram. Provar suas teorias.

Eu venho de um lugar onde nada acontece.

Um lugar pode ajudar a definir uma pessoa, quando ela diz de onde veio a coisa começa a clarear, especialmente para pessoas que gostam de julgar as outras. Eu defino o lugar de onde vim não por seu nome, mas por seu status situacional. Nada acontece no lugar de onde eu vim e você não me conhece. Provavelmente, depois disso, vai continuar sem conhecer, perder o interesse. Talvez seja melhor assim.

O trânsito está parado, a cidade está trocando de pele.
A poesia está circulando pelo ar
Eu venho de um lugar onde nada acontece.
Mas você não me conhece

Eu não sou poeta, eu acho que ninguém é. Trocamos de pele que nem adolescente após um dia de sol. Pego uma caneta e anoto a frase que apareceu na minha cabeça vazia: você não me conhece. Talvez eu vá fazer uma música, é uma prática comum por aqui, pena que venho de um lugar onde nada acontece. Portanto, a nossa poesia é vã, como a filosofia e quase tudo o mais.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

QUEM NASCE ZÉ NÃO MORRE JOHNNY


Passei uns dias longe da Lektra, a semana passou tão veloz que nem deu pra fazer a crônica de domingo. Muita correria e essa porcaria de horário de verão! Uma espécie de fuso-horário compulsório, eu sei que não incomoda muita gente e que tem muitos que gostam, mas quero pedir licença para discordar: EU ODEIO HORÁRIO DE VERÃO! Poderia passar os próximos meses reclamando para ninguém mais esquecer o quanto esse Jet-leg imposto me desagrada, mas prometo: vai ser só essa vez.

TÁ LIBERADO O QUEBRA-CANELAS!

Há coisa de uns cinco anos uma pessoa conhecida me convidou para fazer um trabalho. Cheguei uma hora antes como sempre exigem, apesar de quinze minutos de antecedência ser mais do que necessário, mesmo porque esses negócios sempre atrasam, daí você fica lá sentado esperando e esperando só para que as pessoas da produção fiquem mais tranqüilas com a certeza de que você não vai se atrasar.

Passado o evento e cumprido minha missão dentro da normalidade e competência de praxe, fui receber e simplesmente tomei um cano.  Enrola daqui, coloca a culpa noutra pessoa de lá e nunca consegui ver a cor daquele dinheiro. Apesar de precisar de grana pra viver não sou muito apegado à coisa, passado um tempo eu já não me lembrava mais do porque de ter bloqueado aquela pessoa do Msn e das minhas redes sociais, que deve ter sido o mais próximo de uma retaliação que pude imaginar.

Não faz muito tempo a mesma pessoa me procurou outra vez pra fazer um grande evento político e como eu não me lembrava mais porque tinha bronca dela aceitei o trabalho. Isso foi em agosto e até agora nada de grana, até cansei de ficar cobrando. Esse tipo de gente ou você põe na justiça ou larga pra lá, mas é o que eu sempre digo: quem não conhece a própria história repete os erros do passado. Aliás, tô escrevendo pra ver se não esqueço de novo. Um amigo me disse que tomou uma pernada da mesma fulana no ano passado, o jeito é criar uma lista negra...

FALANDO EM LISTA NEGRA

“Quem realmente se diverte em um lugar de diversão?” Aldous Huxley

Os cinemas estão bombando com o Tropa de Elite 2, o problema é conseguir ver outro filme. Eu não acho justo – e não é! - enfrentar a mesma fila. Será que não dava pra criar um atendimento exclusivo praquela porcaria? Foi a terceira vez que voltamos da porta: afinal, ficar em pé um tempão para ver uma história que em um ou dois meses ninguém mais vai se lembrar passa longe de minha idéia de diversão! O Cinemark ontem (uma quarta-feira) parecia uma agência do Banestes em dia de pagamento.

Falando nisso, vi um anúncio no jornal que as óperas do Metropolitan serão retransmitidas no Cinemark, enquanto me perguntava se haveria público para tanto me deparei com o preço do ingresso a R$45,00 (!) Alguém precisa lembrar aos produtores desse tipo de empreitada que a elite local não consome arte desde os anos setenta quando era moda ter-se um verniz de cultura pra se frequentar... O interesse pelo assunto é hoje restrito praticamente a melômanos e estudantes de canto lírico.

Nas escolas da cidade de Nova York existe um projeto patrocinado pelo Bank of America para  retransmitir gratuitamente as ópera para estudantes, parentes e professores. O projeto funciona também em alguns cinemas através do país, vide o anúncio lá embaixo. Para assistir a ópera ao vivo lá no Metropolitan mesmo não sai barato, claro, mas só pra se ter idéia: um lugar no chamado Family Circle sai por trinta dólares. Sim, você cucaracha vai pagar aqui quase a mesma coisa para ver no cinema a ópera acontecendo lá. Segue o link do site do Metropolitan onde tem essas informações e muito mais

http://www.metoperafamily.org/metopera/season/single/reserve.aspx?perf=10860