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quinta-feira, 27 de maio de 2010

MINC DIZ QUE NOSSA LEI DOS DIREITOS AUTORAIS É A QUARTA PIOR DO MUNDO!

A minha amiga Luzia repassando convite para o "Mercado Literário", evento da Prefeitura de Vitória que rola hoje de noite enfocando - e misturando - literatura com gastronomia, embora todos saibamos (saibamos?) que existam escritos e coisas que foram ditas muito difíceis de se digerir. Rola também um show com o Sol na Garganta do Futuro o que não deixa de ser um negócio ginecológico, no sentido de quem coisa. Enfim, A Lektra vai dar uma passada por lá, porque o editor chefe dessa bagaça não resiste a um bom bobó de camarão com muita pimenta. Segue o convite.


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O Ministério da Cultura vem debatendo com a "comunidade literária, artística e científica" brasileira a necessidade de revisão da Lei 9.610/98 a chamada Lei dos Direitos Autorais. Lançaram um blog onde postam artigos sobre o assunto, vale a pena conhecer. Segue abaixo um trecho do conteúdo e o link para conhecimento de nossos leiktores:

A QUARTA PIOR DO MUNDO

por: Larissa dos Anjos, em Noticias no dia 24/05/2010

Diário de Pernambuco, em 23/5/2010

A lei autoral brasileira é considerada a quarta pior do mundo. Está na lista da ONG Consumers International em parceria com IP Watch, que se chama Consumers International IP Watch List. A pesquisa analisou e comparou as leis de direito autoral de 16 países, concentrando-se nos direitos do autor. Pois são esses que impactam mais diretamente no acesso dos consumidores ao conhecimento. O problema começa no que, dentro da lei, é chamada de “limitações” e “exceções”. Essas, em linhas gerais, são mecanismos que permitem o acesso do consumidor à obra sem necessidade do licenciamento. Ou seja, quando for para uso privado e não comercial. Resultados permitidos por essas limitações – chamados de “fair use” ou “uso justo” nos Estados Unidos – são filmes da Disney usados em teses de mestrado e doutorado, que utilizam pequenas partes de obras com o intuito de comentário ou crítica.

http://blogs.cultura.gov.br/direitoautoral/

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O NOVO PIANO DO CARLOS GOMES É UM DOS MELHORES DO MUNDO!

Daí que após meu último post um monte de gente veio me perguntar sobre o novo piano do Carlos Gomes, o que eu tinha achado da sonoridade, se o Teatro tinha ficado bacana (vejam os comentários na Letra Elektrônica) resolvi então escrever mais um pouco sobre o assunto, porque, culturalmente falando – ou escrivinhando - eu acho importante. Não, porque nós somos os primeiros a tacar pedra em tudo e sempre estamos mais dispostos a falar mal do que ressaltar os aspectos positivos das coisas, ainda mais quando são públicas. Então vamos lá:

A reforma do Teatro me pareceu muito bem realizada, me disseram que ainda faltavam acabamentos exteriores ou coisas assim e que críticas, como sempre, haviam. Confesso que cheguei tão esbaforido e corrido que nem vi a face externa do prédio, aliás, só consegui entrar porque minha esposa “subornou” um flanelinha: para bom entendedor meia crítica já é o bastante.

O aspecto original do espaço interior foi totalmente preservado e renovado, manteve-se a mesma atmosfera pseudo-suntuosa que rapidamente remete à infância, aquelas lindas pinturas de Massena no teto (isso tudo deve ter denominação específica, foi mal) e o grande candelabro. Diga-se a verdade, as reformas feitas pela administração do governador Paulo Hartung são – pelo menos as que vi – muito bem feitas e acabadas, muito diferente do que já vimos em administrações anteriores e na municipalidade de maneira geral.

Daí vem a questão do piano em si. Confesso que, apesar de adorar o assunto e conhecer boa parte da literatura pianística, quando se fala no “topo do topo” desse instrumento musical não sou realmente profundo entendedor, simplesmente porque não dou recitais, não viajo o mundo todo e nem tenho 150 mil dólares para investir na brincadeira. Do alto dessa minha ignorância posso garantir uma coisa: o novo piano do Carlos Gomes é um dos melhores instrumentos do mundo. Vamos aos fatos:

O modelo Steinway & Sons D 274 (Essa numeração é relativa ao tamanho do instrumento, quase três metros de comprimento!) é padrão em todas as melhores salas de concerto do mundo e é também o instrumento preferido pela maioria dos grandes pianistas desde o início do século. A Secretaria de Estado da Cultura divulgou que o “nosso” piano é fabricado em Hamburgo, diferente do que haviam me dito, mas pesquisando descobri que hoje essa diferenciação é relativa. Muitos instrumentistas de peso preferem os pianos fabricados em Nova York, Vladimir Horowitz mesmo era um desses. A ressalva vem de Marcos Dessaune, disse que os instrumentos de Nova York sofrem mais com a temperatura aqui do Brasil.

Conversando com todos os pianistas presentes, a opinião era unânime: o som do novo Steinway era equilibrado entre as sonoridades graves e agudas e nas mãos de Vadim Rudenko soava simplesmente perfeito. Será que era só o grande pianista russo fazendo sua mágica soar? Espero e acredito que não. Finalmente temos um grande instrumento para receber aqui grandes músicos, esperamos uma programação que justifique o investimento (algo em torno de R$300.000,00) e que nos traga um futuro cultural cada vez melhor.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

COLUNISMO CULTURAL ELEKTRÔNICO

Aconteceu ontem a inauguração da reforma do Theatro Carlos Gomes com direito à estréia do novo piano Steinway & Sons num fantástico recital do russo Vadim Rudenko. Como não rolou um programinha com as peças tocadas, a maioria dos presentes socializava informação, porque, óbvio, tinha um bocado de pianistas lá. Alguns de nós sabíamos o autor das peças, mas não especificamente o título completo, resolvi divulgar por conta própria, pelo menos, as principais:

Mozart – Sonata para piano KV 311 (284c) em Ré Maior.

Chopin - Sonata Para Piano (Marcha Fúnebre) N° 2. Op.35.

Tchaikovsky – Suite Quebra Nozes (Provavelmente arranjo de Mikhail Pletnev).

Só o “Pas de Deux” dessa última obra já valeu ter ido ao Teatro, simplesmente de cair o queixo. Rudenko é um dos maiores pianistas que já passaram por aqui, o seu controle da dinâmica é de uma precisão fantástica, seu pianíssimo e a forma como caracteriza peças de períodos diferentes é admirável. Seria muito bom termos espetáculos desse nível por aqui com maior frequência. Estava por lá a maioria da nova geração de pianistas do Espírito Santo: Claudio Thompson, Cleida Lourenço, Patrícia Souza, Alice Nascimento etc...

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Quem está na maior satisfa é o ator e autor Alvarito Mendes Filho que escreve para a Lektra informando que sua peça Os Gatos do Beco está em cartaz em Belo Horizonte numa montagem da Sport Play Produções e direção de Claudio Castanheira. O texto capixaba está conquistando o público infantil por lá, basta ver o que diz a crítica local:

“Baseado em história do escritor capixaba Alvarito Mendes Filho, o espetáculo parodia a trajetória dos Beatles: em uma grande cidade, quatro gatos sonham ser músicos e salvar o mundo cada um à sua maneira, apesar da hostilidade dos conservadores contra sua barulhenta música, e da dificuldade em agir em relação a seus sonhos. A solução que os gatos do beco enfrentam para a dificuldade em conduzir seus projetos também passa pela ideia do encontro: é em sua música que eles vão ser bem-sucedidos na luta política ou existencial. Enquanto houver cores, gatos músicos ou crianças capazes de um olhar poético sobre a realidade, ainda temos um futuro diante de nós.” Fonte: http://www.divirta-se.uai.com.br

Aconteceu no último dia 16 de maio a terceira edição da tradicional festa “Polentino e Minestrina” que celebra, entre outras coisas, a cultura italiana no município de Cariacica. O evento contou com várias atrações, envolvendo em sua programação cultural o Sétimo Festival de Danças Folclóricas e o Nono Encontro de Corais de Cariacica. Participando do encontro de Corais esteve o tradicional Coral ArcelorMittal Tubarão, regido pelo maestro Adolfo Alves desde 1986, que em seu repertório traz canções eruditas e populares, inclusive do folclore capixaba, resgatando e divulgando as raízes musicais de nossa terra.


Sorry periferia de excluídos informacionais, mas na atual sociedade elektrônica da informação tudo se sabe de cultura. E ademan que quem fica parado é poste de propaganda. Hein?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

DUAS SEMANAS DE PROGAMAÇÃO GRATUITA NA REINAUGURAÇÃO DO THEATRO CARLOS GOMES!


Reforçando o convite, agora com um certo medo de colocar os amigos leitores em uma roubada. Diferente da maioria, eu não consigo mesclar diversão com aborrecimentos muito bem, embora reconheça que em eventos concorridos isso é quase inevitável pela própria importância da ocasião: dificuldade de estacionar e flanelinhas embutidos, filas para comprar entradas e espera para entrar, fila para ir ao banheiro, atendimento precário... Quando posso evitar coisas assim passo longe, simplesmente porque são o contrário da idéia de um entretenimento prazeiroso. "Isso é o que dá, se querer frequentar" como diria Duardo Dusek "aloka"...


Então, comentei com muita satisfa num post anterior, da inauguração do novo piano do Steinway do Theatro Carlos Gomes que vinha em fase final de reforma e que teria como atração um recital do pianista russo Vadim Rudenko. O que eu não sabia – e por isso estou aqui tecendo reticências - é que a reinauguração do Theatro e a inauguração do piano serão um único e mesmo evento. Ai, ai, ai... Já estou vendo a aglomeração, mesmo porque as regras para entrada são as seguintes:


“O término das obras será comemorado durante duas semanas repletas de espetáculos gratuitos. Tanto no concerto de reabertura do teatro, como nas outras atrações, a distribuição de convites será da mesma forma. O público deverá retirar o ingresso, um por pessoa, uma hora antes dos espetáculos. Serão 300 ingressos por dia disponíveis na bilheteria.”


Nem sei se estarei nessa inauguração, porque dou aula nesse dia até as 20 horas e mesmo que saia um pouco antes no-lo-creo que conseguirei penetrar (Opa!) com facilidade num evento destes em que, certamente, estarão presentes todas aquelas “autoridades” e seus respectivos... Bom, deixa quieto. Sigo dizendo que o pianista é imperdível, o resto são os ossos do ofício, espero realmente que as pessoas que compareçam o façam por interesse à música lembrando que esta é eterna enquanto dura, já as reformas do nosso Theatro costumam durar um pouco mais ou menos do que o mandato dos que lá estarão esta noite...


Segue também o convite para a apresentação do grupo Russian Virtuosi of Europe que acontecerá no dia seguinte, de repente estará menos concorrido. Aliás, como já citado mais acima, serão duas semanas de programação nesta reabertura do Charles Ghomes, entrem no site da Secult para maiores informações no link abaixo:

http://www.secult.es.gov.br/?id=/noticias/materia.php&cd_matia=1856


sexta-feira, 14 de maio de 2010

A VOZ DO POVO NÃO ACONTENTA DUNGA...


Semana cultural escabrosa, eu mesmo peguei uma gripe, tipo assim, cult, saca? Incompreensível. Não deu pra entender mais nada, fiquei alguns dias derrubadão. Cancelei aula, fiquei sem escrever, até tocar piano eu não conseguia... Nesse meio tempo fecharam o Canecão, vocês viram? E agora os Cariocas estão reclamando que não têm mais um espaço decente para apresentações na cidade. Se por lá é assim, hein? Imagina por aqui.


Mudando de assunto, se tem uma coisa que irrita um especialista em sua área é ter que aguentar opinião de leigo, aquele cara que não tá com o dele na reta, acredita piamente que as coisas são do jeito que ele as percebe e que acha que entende duma coisa simplesmente pelo que vê pela televisão. Nessas horas é que dá pena do Dunga, você queria estar no lugar dele? Fico curioso com os jornais televisivos que vão pras ruas ouvir a vox populi... Ora essa, pra quê? Talvez para corroborar a opinião leiga que eles mesmos formaram.


Lembra aquela copa que o Maradona ganhou jogando volei e que o Zico era da seleção - 1986 se não me engano - daí perguntaram pro “galinho” quem ele achava que ia ganhar. Imagina se ele falou o Brasil, não, nem Argentina. Ele falou assim: quem vai ganhar a copa é o Maradona. Sabe qual é a diferença? O cara é um especialista, ta dentro do caldeirão e consegue enxergar as coisas como elas realmente são. No esporte de alta performance não tem espaço pra esses achismos e em várias outras áreas seria bom se também fosse assim.


Tenho duas lembranças bem antigas do Canecão. Meus pais resolveram jantar lá e tiveram que me levar junto ainda criança para assistir a uma apresentação de um cantor que hoje não faço mais a menor idéia de quem fosse, comecei a chorar e reclamar, fui acudido por ameaças e beliscões discretos. Chorei mais alto, agora sim, com a intensidade das unhas de Timbuí que mamãe nunca abandonou. No intervalo veio um comediante hoje desaparecido, mas que eu conhecia da televisão e parei de chorar. Era um cara meio jeca que fazia brincadeiras com doce de jaca, docinho de gerimun, sei lá. Juarez Leite? Cara, era alguma coisa assim...


Voltei ao Canecão ainda na fase inocente da adolescência - porque depois teve a fase da perda da inocência e, finalmente, a do adeus às ilusões - para assistir com minha irmã Milla e alguns amigos ao show “Uns” de Caetano Veloso. Ficamos bem lá na frente do palco, eu era um aspirante a músico e queria ver tudo de perto, a marca dos instrumentos, dos amplificadores, como os caras tocavam, essas coisas. Muito diferente dos shows nos ginásios daqui, o palco do Canecão ficava um pouco acima de nossa cintura e o lugar não estava tremendamente lotado com aquele monte de gente se empurrando.


Caetano estava numa onda malemolente de beijar todo mundo na boca, durante o show contemplava os músicos com um selinho, mas o baterista – Vinícius Cantuária? – não correspondeu ao agrado, daí o cantor partiu pra cima da platéia, ou seja: enquanto meninas e meninos corriam para disputar um beijo do ídolo eu e meus amigos botocudos corremos pra trás da muvuca, talvez acreditando e temendo que havia mesmo o risco dele simplesmente dar um créu em um de nós assim do nada... Ora, vai saber...


Mas todo ano que tem copa do mundo é essa mesma lenga-lenga, confesso que não entendo bulufas de futebol e mesmo que o assunto me interessasse como amador – muito pelo contrário – o bom senso me aconselharia a não emitir opinião, ora, eu não estou lá pra saber do que está rolando. Acho uma perda de tempo os principais canais de mídia darem destaque pra esse achismo nacional de levar fulano e sicrano e desmerecer o trabalho de quem está na fogueira das vaidades que é esse Oscar do futebol. Sabe o que mais? Eu acho que essa parada de falar do que não sabe é que é a verdadeira paixão nacional.


sexta-feira, 7 de maio de 2010

OS SUPER-HERÓIS MORRERAM DE OVERDOSE!


Sempre adorei revistas em quadrinhos, até hoje gosto, é por causa de caras como eu que o universo de quadrinhos para adultos, as chamadas graphic novels, floresceu. Faz tempo que não paro para ler uma destas revistas, mas sempre fico antenado em lançamentos e nas novidades que aparecem pelo mundo. Curiosamente duas produções foram feitas num curto espaço de tempo tendo o universo dos heróis dos quadrinhos como fio condutor de ação no mundo dos trouxas, se liga então no que está rolando por aí: Defendor (2009) e Kick Ass – Quebrando Tudo (2010).

Essa coisa de super-heróis é invenção dos gringos americanos, porém, vale lembrar que muito antes, lá na Grécia, já havia heróis e semideuses tão poderosos, invencíveis e valentes que entrariam facinho pra escola do professor Xavier. Com os gringos veio a estética dos super poderes e das cuecas por cima das roupas, encantando e influenciando várias gerações de super-frustrados, heróis do cotidiano. Ali perto do Suvaco da Perua mesmo tinha um senhorzinho que – nunca vi, só ouvi dizer – tinha o costume de vestir uma fantasia de super-homem e correr que nem doido pela rua, constrangendo familiares e amigos e, na mesma proporção, divertindo o resto da incrédula vizinhança.


Como fã do gênero, obviamente, eu também sonhava em me tornar o verdadeiro Super-Juca, infelizmente meus misteriosos poderes nunca se manifestaram completamente deixando como marcas em minha infância buracos em telhados de zinco e escoriações leves nas inúmeras tentativas de vencer as forças da teimosa Lei da Gravidade que acabavam me atraindo para o chão, nem sempre de maneira delicada. Pena que os políticos não conseguiram revogar a referida Lei, embora a hipótese fosse até cogitada em sessão ordinária da Câmara Municipal de Colatina, o maestro Adolfo que me corrija se estiver errado, por ocasião da construção de uma ponte sobre o Rio Doce ou o raio que o parta.


Bom, no mundo real, super-heróis não temos: mas vilão e bandido tem saindo pelo ladrão, com o perdão do trocadilho; daí germinaram os argumentos das duas produções mencionadas acima. Defendor – um filme canadense do ano passado – tem sido considerado comédia, porém, é um drama com muita ação e situações engraçadas. Foi difícil arrumar quem bancasse a parada justamente por ser uma história que transcende os gêneros e que poderia causar mais estranheza do que bilheteria - o que de fato aconteceu, mas é muito melhor do que a maioria da safra do ano passado.



Em Defendor temos um homem atormentado pelo passado e por uma incerta “condição especial” – Woody Harrelson, muito bem como sempre – que inventa ser um super-herói e vive inúmeras aventuras tentando combater um suposto arqui-inimigo. É uma história singela e doce, contada de maneira bem-humorada e talvez por isso venha ganhando o rótulo de comédia, mas a saga de Defendor é muito mais e a maior prova disso é o surgimento agora do blockbuster chamado Kick Ass que vem liderando as bilheterias na terra gringa, a previsão de lançamento por acá é 11 de junho, mesmo dia da abertura da copa do mundo 2010.



Kick Ass é baseado em uma graphic novel, mas parece um Defendor voltado para o grande público, especialmente as crianças e adolescentes modernos, mas não pensem que isso o diminui, muito pelo contrário. A produção escancara com gosto o cotidiano dos teens atuais, é de arrepiar os cabelos de quem ainda cultiva aquela visão careta do que seria uma obra “própria para jovens” no século passado, tem cenas de sexo, caminhões de palavrões e toneladas de violência em diversos formatos. A história empolga e convence mesmo tendo como protagonista um improvável adolescente nerd que entra numa de ser um herói de verdade, sem voar, ser invencível nas artes marciais e muito menos comer a Mulher Maravilha.


Fico pensando nas razões dos gringos teimarem em desejar ser e seguirem criando novos heróis, desde o Superman, acho que o mais antigo deles, até o Kick Ass, talvez o mais humano que surgiu até agora. Da mesma maneira percebo que este fenômeno não se repetiu pelo mundo, pelo menos não com o sucesso dos americanos, basta olharmos para o nosso próprio território. O mais próximo que chegamos de um herói nacional foi o Macunaíma – Herói de Nossa Gente – de trajetória crítica, que logo descamba em paródia e gozação de si mesmo e de nós todos. Talvez isso aconteça porque tentamos proteger nossas tristes identidades secretas com uma “máscara de alegria” ou talvez porque desejamos simplesmente não nos levar tão a sério como os americanos, ciosos de suas riquezas acumuladas e belicosos na hora de resguardar a propriedade privada.


Diferente dos ricos americanos é possível que em sua penúria o povo brasileiro tenha optado em se abstrair da dura realidade pela via do ridículo e não do patriotismo bélico. Ao invés de se imaginar quebrando vilões na porrada o povo brasileiro prefere troçar deles, sambar na cara do adversário e desfilar cantando em uma avenida iluminada enquanto o resto do mundo desaba. O problema é que tem hora em que é preciso dar uma de herói e se virar, nesse momento é que “cai a ficha” de nossos dilemas: quem somos nós e o que queremos como povo? Quem são os nossos heróis verdadeiros e em quem podemos confiar? E, mais importante de tudo: como vamos derrotar os nossos vilões? Vamos pensando amigos, temos até as próximas eleições para manifestarmos nosso “super” poder do voto, mas não custa nada lembrar a frase aracnídea: “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”.


Ainda sobre a expressão “cai a ficha”, estava assistindo ontem ao segundo DVD da Terça Insana e a Grace Gianoukas, mentora da idéia, em uma de suas aparições lembrou que os orelhões antigamente funcionavam com fichinhas de metal, parecidas, aliás, com as dos também obsoletos fliperamas. Curioso ter que explicar isso hoje em dia, porque o pessoal na faixa dos vinte anos não viveu essa época e de repente fala a frase sem saber de onde vem o significado, então, supondo que algum jovem se deu ao trabalho de ler até aqui, explico: antigamente os telefones públicos funcionavam com umas fichinhas de metal, que caiam fazendo “tlin!” quando o bicho completava a ligação, bom, isso quando você conseguia encontrar um orelhão que funcionasse ou uma cabine telefônica em que o Superman não estivesse trocando de figurino. Caiu a ficha, hein? Bunita!